A sociedade sob um olhar mais maduro

O surgimento de grupos de justiceiros no Rio de Janeiro, revelados quando um garoto foi espancado e preso pelo pescoço a um poste, é um sinal de alerta que não pode ser negligenciado. Ainda que os brasileiros sofram diariamente com a violência, o transporte público precário, os sistemas de educação deficientes etc., nada justifica o ato de fazer justiça com as próprias mãos. Embora essa atitude possa satisfazer a cólera imediata de quem a pratica, a longo prazo gera resultados nefastos para a sociedade.
            Os variados problemas que o brasileiro enfrenta no dia a dia, são graves, mas não servem como desculpa para o que ocorreu no Rio de Janeiro. Ao praticar a violência contra bandidos, o cidadão torna-se um deles. A polícia foi criada para combater o crime e aplicar a lei, e embora possa estar realizando seu dever com pouca efetividade aos olhos do público, ela ainda o faz, portanto, ao combater a violência, ela também estará combatendo os justiceiros que atacam violência com violência.
            A democracia é, literalmente, o governo do povo, desta forma o povo deve fazer com que sua voz seja ouvida sem fazer uso de agressão física, psicológica ou verbal. Exigir uma solução dos governantes é a única solução possível, e não descontar em pessoas que talvez nem sejam responsáveis pelo problema. O personagem Salvor Hardin, do livro Fundação do escritor Isaac Asimov dizia, embora em outro contexto, que “A violência é o último refúgio do incompetente”. Esta mesma frase aqui se aplica, pois aquele que não consegue lutar pelo seu direito de viver num país seguro e livre de problemas sem recorrer ao crime e a métodos violentos, nunca conseguirá lutar por qualquer outra coisa.

            A longo prazo, as consequências serão catastróficas. O acontecimento do Rio de Janeiro foi um aviso de um processo que já começou. Violência gera violência, que gera mais violência, e mais, mais... ad infinitum. “Olho por olho e o mundo acabará cego”, disse Gandhi. O futuro deste processo pode resultar num cenário saído de romances pós-apocalípticos nos quais a sociedade está dividida em facções que farão de tudo contra todos.

C M Morad
Fotos e imagens
Fernando Morad




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